Escritor,
jornalista e mestre em teologia. Esses são atributos de um dos mais conhecidos
nomes do Criacionismo no Brasil.
Michelson dos Santos Borges, natural de
Criciúma, Santa Catarina, formou-se em jornalismo pela Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC) e fez mestrado em Teologia pelo Centro Universitário
Adventista de São Paulo (Unasp), campus de Engenheiro Coelho. É autor de livros
como A história da vida e Por que creio, ambos lançado pela Casa
Publicadora Brasileira (CPB), onde trabalha atualmente. Há cerca de oito anos
procurou uma forma simples de abordar um tema complexo ao criar um blog voltado
para criacionismo. “O criacionista procura enxergar a realidade com as lentes
da teologia e da ciência. É possível ver mais longe desse jeito”. Abaixo, trechos da entrevista cedida à ABJ-Notícias.
ABJ-Notícias: O que levou você a mudar de sua antiga filosofia darwinista ao
Criacionismo? E o que o Criacionismo representa hoje pra você?
Michelson Borges. Foto: Arquivo pessoal. |
Michelson Borges: Abandonei a ideia da macroevolução e o naturalismo filosófico
quando estudava no curso técnico de química. Sempre fui amante da ciência e,
por isso, naturalmente cético. Quando soube que o darwinismo tinha graves
insuficiências epistêmicas, passei a estudar o assunto mais a fundo. Deparei-me
com o argumento da complexidade irredutível, de Michael Behe, e com a tremenda
dificuldade que o darwinismo tem em explicar a origem da informação complexa e
específica. De onde surgiu a informação genética necessária para fazer
funcionar a primeira célula? De onde proveio o acréscimo de informação
necessária para dar origem a novos planos corporais e às melhorias biológicas?
O passo seguinte foi buscar um modelo que me fornecesse respostas ao enigma do
código sem o codificador, do design sem
o designer, da informação sem a
fonte de informações. Fiquei aturdido com a complexidade física do Universo e
com a complexidade integrada da vida. Nessas pesquisas, descobri que o
criacionismo é a cosmovisão que associa coerentemente conhecimento científico e
conhecimento bíblico. E me descobri em boa companhia ao saber que grandes
cientistas como Galileu, Copérnico, Newton, Pascal, Pasteur e outros não viam
contradição significativa entre a ciência experimental e a teologia
judaico-cristã. Usei meu ceticismo, fui atrás das evidências – levassem aonde
levassem – e me surpreendi com uma interpretação simples e não anticientífica
para as origens. Resultado? Tornei-me criacionista.
ABJ: Há quanto tempo e de
que forma surgiu a ideia de criar o site (antigo blog) Criacionismo?
MB: Há
cerca de oito anos, quando percebi que poderia contribuir com a causa
criacionista popularizando o assunto e "traduzindo" conteúdos que geralmente
são tratados de maneira muito acadêmica.
ABJ: Você escreveu livros como Por que creio e História da vida, ambos voltados
para sua atual filosofia. O que te levou a escrevê-los? Seria uma forma de
responder a outras pessoas perguntas que você tinha quando darwinista?
MB: No
caso do A História da Vida, procurei
reunir os argumentos que me fizeram abandonar o darwinismo e, assim como faço
no blog, abordá-los numa linguagem
compreensível. Por isso mesmo, considero esse livro uma boa introdução à
controvérsia entre a criação e a evolução. O Por Que Creio nasceu de um desafio, se posso dizer assim. Em 2002,
uma revista popular de divulgação científica no Brasil teve a
"coragem" de afirmar que os criacionistas seriam "especialistas
autoproclamados". Isso me deixou indignado e corri atrás de 12
pesquisadores criacionistas de várias áreas e com boa formação acadêmica,
entrevistei cada um deles, reuni o material em forma de livro e provei que a
tal revista estava errada. Enviei exemplares aos editores, mas nunca obtive
qualquer resposta. Não que esperasse isso...
ABJ: Algumas pessoas acreditam na inviabilidade de
conciliar ciência e religião. Isso seria um mito? Qual sua visão em relação a
esse pensamento?
MB: Os criadores do método científico, homens do
quilate de Isaac Newton, Galileu Galilei e Copérnico, eram profundamente
religiosos, criam na Bíblia e nos legaram um tremendo patrimônio científico.
Atualmente, também há cientistas que conciliam essas duas facetas do
conhecimento e se valem dessas duas "ferramentas" para compreender a
realidade. Dispensar a teologia ou a ciência é abrir mão de lentes poderosas
para compreender o mundo que nos cerca. A verdade é muito ampla e nossos
esforços para conhecê-la também devem ser amplos.
ABJ: Como mestre
em teologia de que forma você percebe a teologia interagindo com o
criacionismo?
MB: A
teologia bíblica é a base filosófica do criacionismo, assim como o naturalismo
é a do evolucionismo. E ambas são adotadas a priori, não derivam da pesquisa
científica. Na verdade, elas até orientam as pesquisas.
ABJ: Para você por que as pessoas deveriam acreditar no criacionismo?
MB: As pessoas deveriam pelo
menos considerar os argumentos criacionistas, sem se deixar levar pelo
preconceito. Considero no mínimo injusto descartar uma ideia sem antes
conhecê-la. O verdadeiro conhecimento nasce da análise do contraditório, da
ponderação. Por isso, seria muito útil, realmente, avaliar os argumentos
criacionistas e evolucionistas, sempre à luz da ciência experimental, do método
científico.
Por
Leonardo Lacerda
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