O entrevistado desta semana é o professor
doutor e geólogo Nahor Neves de Souza Junior. Graduado em Geologia pela
Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) é também doutor em Engenharia pela
Universidade de São Paulo (USP), na qual foi pesquisador e professor durante 13
anos. Atualmente leciona no Centro Universitário Adventista de São Paulo
(Unasp), campus de Engenheiro Coelho. Quando jovem teve a sua disposição um
amplo acervo sobre criacionismo, o que fortaleceu suas convicções religiosas
principalmente nos tempos de universitário inserido em um mundo de teorias
evolucionistas que contrariavam a sua fé. Há sete anos atua como diretor da
sub-sede do Geoscience Research Institute
(GRI) no Brasil, além disso, o professor se dedica incessantemente a
divulgação do criacionismo em universidades públicas com o propósito de
reportar os paradigmas dos pais da ciência moderna, tornando-o assim um
criacionista militante. Segue entrevista cedida pelo professor Nahor à
ABJ-Notícias.
ABJ-Notícias: Defina Criacionismo e Evolucionismo.
Nahor neves de Souza é professor, doutor e geólogo. Foto: Arquivo pessoal. |
Nahor Neves de Souza é professor doutor e geólogo.
Nahor Neves:
O que dizem ser Criacionismo? “Criacionismo é uma visão literalista e equivocada da Bíblia” – definição
frequentemente veiculada pela mídia. E o
que dizem ser o evolucionismo? “É uma teoria cientificamente comprovada”. As
duas definições estão completamente equivocadas. Vou te dizer, em palavras
simples, as definições que eu mais aprecio. Uma definição de evolucionismo,
utilizando apenas uma palavra: paradigma. O que é um paradigma? Segundo o livro
de Thomas Kuhn A estrutura das revoluções
científicas, paradigma é “um conjunto de pressupostos conceituais,
metafísicos e metodológicos incorporados por uma tradição de trabalho científico”.
O paradigma do século 17 até meados do século 19 era o paradigma criacionista. Esse
era o paradigma de Galileu, Newton, Maxwel, Faraday, Boyle, Pasteur, dentre
muitos outros. A partir do século 19 com o darwinismo então o paradigma mudou.
Voltando então ao que seria evolucionismo, em uma definição mais ampla, pode-se
dizer que é um paradigma, ou cosmovisão em que ocorrem associações intuitivas
ou intencionais entre o conhecimento científico e o naturalismo (que alguns
chamam de filosófico ou ontológico, “ateísmo”). Não tem como você dizer que o
evolucionismo é uma teoria cientificamente comprovada porque não tem como se
reportar às origens – momentos únicos e irreproduzíveis. Assim, boa parte dos
argumentos são extraídos de pressupostos filosóficos. Mas, por outro lado, o
que é o criacionismo de fato? Também
não pode ser exclusivamente científico, mas também não é só bíblico. Boa parte
dos cristãos acabam limitando o criacionismo no campo bíblico. “Deus criou e
pronto”. Não é? Uma definição mais completa de criacionismo: uma cosmovisão ou
paradigma em que ocorre associações intuitivas ou intencionais entre o
conhecimento bíblico (especialmente a historicidade relatada em Gênesis do
capítulo 1 ao 11), o conhecimento de Deus (que Ele atua tanto no mundo natural
como no sobrenatural) e o conhecimento
da natureza (nos seus aspectos científicos e estéticos). Isso é o que eu
entendo como criacionismo. Boa parte dos cristãos não tem essa definição. Se
não como cristão, mas como geólogo, a partir das evidências científicas que eu
encontrei, não posso fugir dessa definição, senão estaria sendo incoerente.
ABJ:
Você
escolheu ser criacionista devido ao seu curso de Geologia ou você escolheu
geologia a partir da luz criacionista?
Nahor: Acho que ser cristão pressupõe ser criacionista, embora nem todos os
cristãos sejam criacionistas. Como adventistas, o criacionismo está inserido em
nossa filosofia. Então, antes de pensar em começar a faculdade, eu já era
adventista criacionista. São duas coisas que caminham juntas. Escolhi o curso
de Geologia por fatores mais pessoais, no que diz respeito à minha vocação,
àquilo que, na ocasião, pensava que seria o melhor para mim. Mas não foi uma
decisão tomada sozinho. Eu consultei amigos, consultei a Deus, e tive a certeza
de que esse era o caminho a ser seguido. E eu diria que Geologia é um dos
cursos mais perigosos que existe para quem tem a fé cristã, mas não deixa de
ser fascinante.
ABJ: Se tivesse oportunidade hoje, escolheria outra faculdade senão Geologia?
Nahor: Quando nós fazemos escolhas orientadas por Deus, não há do que se
arrepender. Enfrentei muitas dificuldades, desafios. Encontram-se poucos jovens
criacionistas, menos ainda adventistas e menos ainda compromissados com o criacionismo. Então creio que Deus me
orientaria a fazer a mesma coisa. Se eu voltasse atrás, acredito que teria
feito a mesma escolha, porque Deus me orienta.
ABJ: Sendo assim, o amor ao criacionismo
começou devido à sua fé religiosa?
Nahor: Sim, eu fui criado em um ambiente cristão. E interessante que eu nunca
me envolvi com aspectos ligados à Geologia. Então acho que Deus tinha um plano
para me envolver nesse curso pensando naquilo que eu poderia fazer no futuro. O
que faço hoje certamente foi a vontade de Deus. Eu tive acesso aos materiais
produzidos pela Sociedade Criacionista Brasileira, que estava a dois
quarteirões de casa. E por isso eu era um estudante de Geologia privilegiado,
tinha acesso a material alternativo durante o curso, então minha fé se manteve,
ou melhor, foi fortalecida, mesmo estando envolvido com pura evolução.
ABJ: O senhor enfrentou teve dificuldades
com seus professores?
Nahor: Evidentemente eu
tinha convicções pessoais no que dizia respeito ao evolucionismo, diferentes
das dos meus colegas e professores, quanto ao conteúdo programático das
disciplinas. Às vezes eu tinha que fazer duas provas ao mesmo tempo: a que o
professor havia pedido e aquela que expressava as minhas ideias e convicções.
Nunca fui perseguido por causa disso. Tanto os colegas quantos os professores
me respeitaram muito. Eu procurei ser um bom aluno, acho que é importante que o
cristão nesse tipo de ambiente seja coerente. Às vezes o professor fazia
comentários nas duas provas. Evidentemente corrigia a prova, dava a nota e
fazia pessoalmente comentários respeitosos, então nunca me omiti, mesmo que eu
expressasse minhas ideias criacionistas. Enfrentei muitos desafios. Era um
ambiente hostil, mas Deus me preservou e adquiri o conhecimento que precisava
para fazer o trabalho que realizo hoje.
ABJ: Como você vê o tratamento dado ao criacionismo nas escolas e
universidades?
Nahor: De um modo geral, os professores nas universidades públicas são ateus,
são céticos, não conhecem a Bíblia, não sabem muito o que é religião, são
arrogantes, são agressivos e desrespeitosos algumas vezes, infelizmente. E eles
são os autores das famosas frases que a mídia veicula. O paradigma do século 17
até meados do século 19 era o paradigma criacionista. Esse era o paradigma de
Newton, Maxwel e Copérnico, os pais da ciência moderna. A partir do século 19, com
o darwinismo, o paradigma mudou. Talvez, minha principal missão seja resgatar o
paradigma criacionista nas universidades, o que é difícil.
ABJ: O senhor também é diretor do Instituto
de Pesquisa de Geociência (GRI). Fale um pouco sobre o departamento e a sua posição.
Nahor: O GRI é um órgão que o departamento da Igreja implantou há quase 50
anos, visando exatamente preparar um acadêmico cristão adventista, nas
universidades seculares, para que ele esteja preparado a enfrentar os grandes
desafios ligados à controvérsias de criacionismo vs. evolucionismo. Esse departamento tem uma utilidade tremenda e
eu fico feliz por ter sido convidado a exercer esta tão nobre e relevante
função (diretor da subsede do GRI desde 2007). É um privilégio meu e uma
responsabilidade muito grande. E quando viajo para participar de um evento
organizado pela Igreja, um congresso universitário, também apresento palestras
em universidades públicas. Confesso para você que essas experiências são
fantásticas. E no final, alunos, professores de Geologia e até coordenadores de
Geologia ficam impressionados. Não imaginam que existe um raciocínio científico
diferente daquele que eles divulgam, aceitam e acreditam, então é uma
experiência marcante. Assim o GRI não se restringe às ações da Igreja ainda que
esteja vinculado a um departamento dela.
ABJ: Fale um pouco sobre o Núcleo de Estudos das Origens (NEO).
Nahor: Esse foi um núcleo criado pelo atual reitor do Unasp, professor Euler
Baia. Na ocasião, em 1999, o professor Euler era diretor da faculdade de
ciências no Centro Universitário Adventista de São Paulo (campus São Paulo).
Tenho a satisfação de ter sido um dos cofundadores desse núcleo.
ABJ: E sobre seu livro “Uma breve
história da terra”...
Nahor: Esse livro, na sua segunda edição, já se esgotou. Estou preparando a
terceira edição, que na realidade vai ser outro livro. Estou organizando o
texto final e espero, se Deus quiser, concluí-lo ainda neste ano. A primeira
edição saiu pela editora do Unasp, a Unaspress. A segunda, pela Sociedade
Criacionista Brasileira (SCB) e a terceira será pela Casa Publicadora
Brasileira (CPB).
ABJ: Por que as pessoas deveriam
acreditar no Criacionismo?
Nahor: “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (S. João 8: 32). E
o que é essa verdade? O próprio livro de João relata: “Eu sou o caminho a
verdade e a vida” (S. João 14: 6). A verdade é o próprio Jesus. Portanto existe
uma verdade absoluta. A verdade científica é uma verdade provisória, sujeita a
mudanças e alterações. A verdade absoluta é Deus e as demais “verdades
verdadeiras provém dEle.
Por Leonardo Lacerda
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