sexta-feira, 9 de maio de 2014

Em nome do criacionismo II

O entrevistado desta semana é o professor doutor e geólogo Nahor Neves de Souza Junior. Graduado em Geologia pela Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) é também doutor em Engenharia pela Universidade de São Paulo (USP), na qual foi pesquisador e professor durante 13 anos. Atualmente leciona no Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), campus de Engenheiro Coelho. Quando jovem teve a sua disposição um amplo acervo sobre criacionismo, o que fortaleceu suas convicções religiosas principalmente nos tempos de universitário inserido em um mundo de teorias evolucionistas que contrariavam a sua fé. Há sete anos atua como diretor da sub-sede do Geoscience Research Institute (GRI) no Brasil, além disso, o professor se dedica incessantemente a divulgação do criacionismo em universidades públicas com o propósito de reportar os paradigmas dos pais da ciência moderna, tornando-o assim um criacionista militante. Segue entrevista cedida pelo professor Nahor à ABJ-Notícias.
ABJ-Notícias: Defina Criacionismo e Evolucionismo. 
Nahor neves de Souza é professor, doutor e
geólogo. Foto: Arquivo pessoal.
Nahor Neves de Souza é professor doutor e geólogo.
 
Nahor Neves: O que dizem ser Criacionismo? “Criacionismo é uma visão literalista e equivocada da Bíblia” – definição frequentemente veiculada pela mídia.  E o que dizem ser o evolucionismo? “É uma teoria cientificamente comprovada”. As duas definições estão completamente equivocadas. Vou te dizer, em palavras simples, as definições que eu mais aprecio. Uma definição de evolucionismo, utilizando apenas uma palavra: paradigma. O que é um paradigma? Segundo o livro de Thomas Kuhn A estrutura das revoluções científicas, paradigma é “um conjunto de pressupostos conceituais, metafísicos e metodológicos incorporados por uma tradição de trabalho científico”. O paradigma do século 17 até meados do século 19 era o paradigma criacionista. Esse era o paradigma de Galileu, Newton, Maxwel, Faraday, Boyle, Pasteur, dentre muitos outros. A partir do século 19 com o darwinismo então o paradigma mudou. Voltando então ao que seria evolucionismo, em uma definição mais ampla, pode-se dizer que é um paradigma, ou cosmovisão em que ocorrem associações intuitivas ou intencionais entre o conhecimento científico e o naturalismo (que alguns chamam de filosófico ou ontológico, “ateísmo”). Não tem como você dizer que o evolucionismo é uma teoria cientificamente comprovada porque não tem como se reportar às origens – momentos únicos e irreproduzíveis. Assim, boa parte dos argumentos são extraídos de pressupostos filosóficos. Mas, por outro lado, o que é o criacionismo de fato? Também não pode ser exclusivamente científico, mas também não é só bíblico. Boa parte dos cristãos acabam limitando o criacionismo no campo bíblico. “Deus criou e pronto”. Não é? Uma definição mais completa de criacionismo: uma cosmovisão ou paradigma em que ocorre associações intuitivas ou intencionais entre o conhecimento bíblico (especialmente a historicidade relatada em Gênesis do capítulo 1 ao 11), o conhecimento de Deus (que Ele atua tanto no mundo natural como no sobrenatural)  e o conhecimento da natureza (nos seus aspectos científicos e estéticos). Isso é o que eu entendo como criacionismo. Boa parte dos cristãos não tem essa definição. Se não como cristão, mas como geólogo, a partir das evidências científicas que eu encontrei, não posso fugir dessa definição, senão estaria sendo incoerente.
ABJ: Você escolheu ser criacionista devido ao seu curso de Geologia ou você escolheu geologia a partir da luz criacionista?
Nahor: Acho que ser cristão pressupõe ser criacionista, embora nem todos os cristãos sejam criacionistas. Como adventistas, o criacionismo está inserido em nossa filosofia. Então, antes de pensar em começar a faculdade, eu já era adventista criacionista. São duas coisas que caminham juntas. Escolhi o curso de Geologia por fatores mais pessoais, no que diz respeito à minha vocação, àquilo que, na ocasião, pensava que seria o melhor para mim. Mas não foi uma decisão tomada sozinho. Eu consultei amigos, consultei a Deus, e tive a certeza de que esse era o caminho a ser seguido. E eu diria que Geologia é um dos cursos mais perigosos que existe para quem tem a fé cristã, mas não deixa de ser fascinante.

ABJ: Se tivesse oportunidade hoje, escolheria outra faculdade senão Geologia?
Nahor: Quando nós fazemos escolhas orientadas por Deus, não há do que se arrepender. Enfrentei muitas dificuldades, desafios. Encontram-se poucos jovens criacionistas, menos ainda adventistas e menos ainda compromissados com o  criacionismo. Então creio que Deus me orientaria a fazer a mesma coisa. Se eu voltasse atrás, acredito que teria feito a mesma escolha, porque Deus me orienta.
ABJ: Sendo assim, o amor ao criacionismo começou devido à sua fé religiosa?
Nahor: Sim, eu fui criado em um ambiente cristão. E interessante que eu nunca me envolvi com aspectos ligados à Geologia. Então acho que Deus tinha um plano para me envolver nesse curso pensando naquilo que eu poderia fazer no futuro. O que faço hoje certamente foi a vontade de Deus. Eu tive acesso aos materiais produzidos pela Sociedade Criacionista Brasileira, que estava a dois quarteirões de casa. E por isso eu era um estudante de Geologia privilegiado, tinha acesso a material alternativo durante o curso, então minha fé se manteve, ou melhor, foi fortalecida, mesmo estando envolvido com pura evolução.
ABJ: O senhor enfrentou teve dificuldades com seus professores?
Nahor:  Evidentemente eu tinha convicções pessoais no que dizia respeito ao evolucionismo, diferentes das dos meus colegas e professores, quanto ao conteúdo programático das disciplinas. Às vezes eu tinha que fazer duas provas ao mesmo tempo: a que o professor havia pedido e aquela que expressava as minhas ideias e convicções. Nunca fui perseguido por causa disso. Tanto os colegas quantos os professores me respeitaram muito. Eu procurei ser um bom aluno, acho que é importante que o cristão nesse tipo de ambiente seja coerente. Às vezes o professor fazia comentários nas duas provas. Evidentemente corrigia a prova, dava a nota e fazia pessoalmente comentários respeitosos, então nunca me omiti, mesmo que eu expressasse minhas ideias criacionistas. Enfrentei muitos desafios. Era um ambiente hostil, mas Deus me preservou e adquiri o conhecimento que precisava para fazer o trabalho que realizo hoje.
ABJ: Como você vê o tratamento dado ao criacionismo nas escolas e universidades?
Nahor: De um modo geral, os professores nas universidades públicas são ateus, são céticos, não conhecem a Bíblia, não sabem muito o que é religião, são arrogantes, são agressivos e desrespeitosos algumas vezes, infelizmente. E eles são os autores das famosas frases que a mídia veicula. O paradigma do século 17 até meados do século 19 era o paradigma criacionista. Esse era o paradigma de Newton, Maxwel e Copérnico, os pais da ciência moderna. A partir do século 19, com o darwinismo, o paradigma mudou. Talvez, minha principal missão seja resgatar o paradigma criacionista nas universidades, o que é difícil.
ABJ: O senhor também é diretor do Instituto de Pesquisa de Geociência (GRI). Fale um pouco sobre o departamento e a sua posição.
Nahor: O GRI é um órgão que o departamento da Igreja implantou há quase 50 anos, visando exatamente preparar um acadêmico cristão adventista, nas universidades seculares, para que ele esteja preparado a enfrentar os grandes desafios ligados à controvérsias de criacionismo vs. evolucionismo. Esse departamento tem uma utilidade tremenda e eu fico feliz por ter sido convidado a exercer esta tão nobre e relevante função (diretor da subsede do GRI desde 2007). É um privilégio meu e uma responsabilidade muito grande. E quando viajo para participar de um evento organizado pela Igreja, um congresso universitário, também apresento palestras em universidades públicas. Confesso para você que essas experiências são fantásticas. E no final, alunos, professores de Geologia e até coordenadores de Geologia ficam impressionados. Não imaginam que existe um raciocínio científico diferente daquele que eles divulgam, aceitam e acreditam, então é uma experiência marcante. Assim o GRI não se restringe às ações da Igreja ainda que esteja vinculado a um departamento dela.
ABJ: Fale um pouco sobre o Núcleo de Estudos das Origens (NEO).
Nahor: Esse foi um núcleo criado pelo atual reitor do Unasp, professor Euler Baia. Na ocasião, em 1999, o professor Euler era diretor da faculdade de ciências no Centro Universitário Adventista de São Paulo (campus São Paulo). Tenho a satisfação de ter sido um dos cofundadores desse núcleo.
ABJ:  E sobre seu livro “Uma breve história da terra”...
Nahor: Esse livro, na sua segunda edição, já se esgotou. Estou preparando a terceira edição, que na realidade vai ser outro livro. Estou organizando o texto final e espero, se Deus quiser, concluí-lo ainda neste ano. A primeira edição saiu pela editora do Unasp, a Unaspress. A segunda, pela Sociedade Criacionista Brasileira (SCB) e a terceira será pela Casa Publicadora Brasileira (CPB).
ABJ:  Por que as pessoas deveriam acreditar no Criacionismo?
Nahor: “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (S. João 8: 32). E o que é essa verdade? O próprio livro de João relata: “Eu sou o caminho a verdade e a vida” (S. João 14: 6). A verdade é o próprio Jesus. Portanto existe uma verdade absoluta. A verdade científica é uma verdade provisória, sujeita a mudanças e alterações. A verdade absoluta é Deus e as demais “verdades verdadeiras provém dEle.


Por Leonardo Lacerda

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